INATALIDADE

 INATALIDADE


Inatalidade significa a vida antes do nascimento — nova terminologia para referendar Platão, que afirmava que as coisas e os conceitos são resultados de experiências pré-terrestres (no “mundo das Ideias”) e reencarnatórias. Essa sabedoria antiga era vista como meio de desenvolvimento “ético-espiritual” de purificação (kátharsis) e de necessidade (ananké) — este último aspecto tem a ver com o karma (ou compensação). Por isso se diz: a semeadura é livre, mas a colheita obrigatória. Colhe-se o que se semeou: se semeou o mal, colhe-se o mal; se semeou o bem, colhe-se o bem. Nesse sentido, “a responsabilidade é de quem escolhe; o deus não é culpado”, dizia o hierofante. Ou seja, “o espírito não olha se é simpático ou agradável, mas o que é necessário para o bom desenvolvimento do próprio ser” (Steiner, GA 16, 8ª meditação). 


Como exemplos, são conhecidas crianças pequenas de até 3 anos que lembram do seu passado em outras vidas e relatam sem cerimônia aos adultos. Afinal, como diz nos Salmos 8,2: nossa existência atual é iluminada “pela boca das crianças e dos bebês”. Também Mozart com 4 anos tocava música e compunha. De onde elas trazem essas qualidades? De seus próprios aprendizados em vidas anteriores. Por isso se diz que somos 90% do que trazemos; e se fizermos o dever de casa direitinho, levaremos em nossa bagagem os 10% restantes. 


Steiner afirma que estamos desenvolvendo um órgão próximo do Centro da Fala de Broca (hemisfério esquerdo do cérebro), que permitirá lembrar de nossa vida terrena anterior. Por isso a necessidade de aprimoramos espiritual e moralmente, pois para o materialista que não acredita em nada, essa qualidade se transformará num suplício tormentoso e se manifestará como terrível doença mental (GA 152, de 1.5.1913). 


O ser humano não é resultado somente da junção de dois gametas, mas principalmente da individualidade encarnante. Por isso Schiller sentencia: “é o espírito que constrói seu corpo” (Morte de Wallenstein, III/13), como força da “inatalidade”, da vida pré-mortal ou pré-terrestre, que assume toda responsabilidade para o bom desenvolvimento de si próprio. 


Antônio Marques

Baseado na Rundbrief zur Anthroposophie 

Dr F. Husemann

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