RELIGIÃO e CIÊNCIA

 RELIGIÃO e CIÊNCIA


Há muito tempo Religião e Ciência não rezam na mesma cartilha. Enquanto uma faz a ligação (re-ligare) do ser humano com a Divindade, a outra quer entender o fenômeno que ocorre na natureza. Parecem inconciliáveis, por serem polares. Mas precisam ser amalgamadas para atendermos ao preceito do pai da Ciência: “só existe Ciência quando se adentra no reino das causas” (Aristóteles). Afinal minha mão não mexe sozinha sem que Eu ordene seu movimento. Apenas imputar o “acaso” aleatório e probabilístico como causa de tudo, parte de uma visão simplória, obtusa e indutiva — a qual resultou na máxima: “só existe ciência se ela é vendável” (input - output). 


Essa dicotomia aconteceu por culpa de Agostinho de Hipona (354 - 430) que, apesar de ter sido aluno dos maniqueus por 10 anos, conheceu os Mistérios e toda sabedoria pré-cristã, as quais abraçavam a “reencarnação”; ao aderir ao cristianismo, levantou a bandeira da “ressureição”. Existe uma incompatibilidade entre as duas visões? Claro que não, pois a primeira aborda o retorno do espírito nesta escola terrena (igual a visão platônica) e a segunda aponta para a continuidade da vida após o fim desta Terra (o Apocalipse), na Nova Jerusalém. 


Só que o próprio Cristo respondeu à questão da reencarnação, na famosa sentença: “Elias já veio e não o reconheceram” (Mt 17,10), em referência à João Batista recém morto. “Quem tem ouvidos que ouça”. 


Como pano de fundo, outro pecado capital ocorreu no Concílio de Constantinopla, em 869, quando a Igreja decretou que a partir de então não existe espírito — só alma. Somente o “dogma da fé” faz parte da Religião (nem a ressurreição é compreendida pelos cristãos) e o pensamento ficou desespiritualizado, servindo para proliferar o tecnicismo; que deu sequência com Immanuel Kant (1724 - 1804), engessando mais ainda o conhecimento entre quatro paredes do sensório (a “evidência”) e a causa foi jogada de volta ao transcendente (Religião). Dessa maneira caímos no outro colo, no “dogma da Ciência”: “o que posso saber? O que posso fazer? O que eu posso almejar?” (Crítica da Razão Pura). Resposta: o que a ciência determinar!


Por não dar as respostas aos anseios humanos, a Religião passou a bola para a Ciência; a qual cabe agora responder sobre os enigmas humanos. Mas com sua base materialista e acéfala, o que podemos esperar dela? Essa resposta só acontecerá quando “a Ciência reformular seu conceito de que não existe nervo motor — ai sim, teremos uma sociedade humanizada” (sentença de Steiner no livro do Dr Mees, Das Problem der motorischen Nerven, p.36). 


Ou seja, cabe a Ciência acolher o espiritual como agente causal dos fenômenos da natureza, que traduz como “monismo”. Só assim poderemos ascender para novo nível de humanidade. Aqui entra a participação da Medicina Antroposófica. 


Homens, queiram ouvi-lo. Vamos trabalhar. 


Antonio Marques

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