ATLÂNTIDA - II
ATLÂNTIDA - II
Antes de abordar as grandes migrações atlantes e as origens das raças-raizes (etnias), é preciso conhecer a Atlântida, a partir do relato de Platão no Timeu (São Paulo : Hemus, s.d.) que, ao fazer Escola de Mistérios por 10 anos no Egito, tomou conhecimento através de sacerdotes que lhe contaram sobre os “povos que habitavam além das colunas de Hércules”: Atlântida deve seu nome ao seu primeiro rei Atlas. Essa ilha estava situada entre América do Norte, Europa e África; e afundou 9.000 a.C. (segundo Platão), após cataclismo (Dilúvio bíblico), nas águas do oceano.
Atlântida nos remete ao tempo de He-Man e Shira (“eu tenho a força!”), quando os seres humanos dominavam certas forças da natureza e lhes davam “superpoderes”, como aplacar a agressividade animal, acelerar o crescimento vegetal, carregar pedras enormes, como também desenvolver tecnologias (desconhecidas para nós) para cortes de rochas, de energia ou combustível para aeronaves etc. Por isso se justificam monumentos megalíticos (dolmens, menires, pirâmides, desenhos enormes no solo que só podem ser vistos de altura considerável etc) espalhados pelo mundo — como Stonehenge (círculo de pedras de 50 t e 5 m de altura); Pirâmide Quéops (segundo cálculo astrofísico, a partir de suas janelas que miram a estrela Orion, foi construída há 10.000 a.C.); Linhas de Nazcas (no altiplano peruano) etc. Seus rituais de sacrifícios sangrentos humanos persistiram em várias culturas andinas. Seu sistema de governo continua em monarquias atuais. Etc.
Vamos ao Timeu e Crítias ou A Atlântida. Quando tiver este colchete [ ] = nota deste autor.
“Ora, os deuses um dia puseram-se a dividir a Terra inteira por regiões. Vários príncipes e seus descendentes habitaram o país durante numerosas gerações e reinaram internamente, como até o Egito e a Tirrênia [Itália]. Adquiriram riquezas em tal abundância que jamais nenhuma casa real as possuiu semelhantes. Pois se muitos recursos lhes vinham de fora, por seu império, a maior parte daqueles que são necessários à vida, a própria ilha lhos fornecia. Principalmente todos os metais duros ou maleáveis. O oricalco [metal mítico?] era o mais precioso depois do ouro. Com pastagens abundantes que alimentavam animais domésticos e selvagens. A natureza dava essências aromáticas, frutos cultivados e grãos, entre os quais tiravam as farinhas (chamavam de cereais). Produzia esse fruto lenhoso, que fornece bebidas, alimentos e perfumes.
Recolhendo sobre seu solo todas essas riquezas, os habitantes da Atlântida construíram templos, os palácios dos reis, os portos, as docas secas. Sobre os braços de mar circulares, que rodeavam a velha cidade materna [vide desenho abaixo p.179] logo lançaram pontes e abriram uma rota para fora e para as moradas reais. Esse palácio dos reis haviam construído desde o início na mesma região habitada pelo deus e os seus ancestrais. Cada soberano recebia o palácio de seu predecessor e embelezava-o a seu turno.
Fizeram começar pelo mar, um canal de três pletros de largura, cem pés de profundidade e cinquenta estádios de comprimento, e levaram-no até o braço de mar circular mais exterior. Para as naus vindas de alto mar, abriram uma enseada, suficiente para que os grandes navios pudessem penetrar. A ilha na qual se encontrava o palácio dos reis, tinha o diâmetro de cinco estádios.
O palácio real, no interior da Acrópole tinha a seguinte disposição. No meio da Acrópole, elevava-se o templo consagrado a Clito e a Poseidon; que conceberam e deram à luz a raça dos dez chefes das dinastias reais. Lá, a cada ano, vinha-se das dez províncias do país, oferecer a cada um desses deuses os sacrifícios da estação. O santuário próprio de Poseidon tinha o comprimento de um estádio, a largura de três pletros e uma altura proporcionada. Sua aparência tinha algo de bárbaro. Revestiram de prata seu exterior e as arestas com ouro. No interior, estátuas de ouro: o deus de pé sobre seu carro, atrelado com seis cavalos alados.
Quanto aos mananciais, o de água fria e o de água quente, ambos de generosa abundância. Havia, separados, os banhos reais e os dos particulares, outros para as mulheres, para os cavalos e animais de carga. Desse lado haviam construído numerosos templos para muitos deuses e jardins e ginásios para os homens e picadeiros para os cavalos e para corridas de cavalos. Em derredor, por toda a extensão, a distâncias regulares, havia casernas para quase todo o efetivo da guarda do príncipe.
Na enseada que se abria do lado do mar era coberta por numerosas casas, umas ao lado das outras. Sua multidão causava aí, dia e noite, um contínuo burburinho de vozes incessante e diverso. Na periferia da ilha havia nas montanhas numerosas cidades, ricas em habitantes, rios, lagos, capazes de alimentar bestas selvagens ou animais domésticos.
No que tange à autoridade e aos cargos públicos, foram desde o início organizados: dos dez reis, cada um exercia o poder na parte que lhe cabia, e na sua cidade. Mas a autoridade dos reis uns sobre os outros e suas relações eram reguladas pelos decretos de Poseidon. Havia uma estela [pedra esculpida] de oricalco, com gravação dos primeiros reis, no centro da ilha, no templo de Poseidon. Quando precisavam administrar alguma justiça, atribuíam-se fé da seguinte forma. — Soltavam-se touros no lugar sagrado de Poseidon. Os dez reis, deixados a sós, após ter rogado ao deus para lhes fazer capturar a vítima que lhes seria agradável, punham-se a caçá-la, sem armas de ferro, somente com chuços de madeira e redes. Aquele dos touros que era apanhado, levavam-no à estela e era degolado em cima dela. Após terem efetuado o sacrifico, enchiam de sangue uma cratera e aspergiam com um grumo deste sangue a cada um deles. Em seguida, tomavam sangue com taças de ouro.
Mas quando o elemento divino veio a diminuir neles por causa do cruzamento repetido com números elementos mortais, caíram na indecência. Aos homens clarividentes, apareceram pervertidos”.
Fim da Atlântida, sucumbiu pelas águas = “dilúvio”.
Aguarde o último capítulo: As Grandes Migrações Atlantes.
Antonio Marques
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