RETOMADA do CAMINHO ASCENSIONAL
RETOMADA do CAMINHO ASCENSIONAL
Em termos de evolução civilizatória, estamos vivendo a época da “alma da consciência”, a qual pressupõe a conquista do Ego, do pensar trivial (téchnai - técnico) — centrado na cabeça; com suas duas partes mais importantes (Platão): “Phantasie” (imaginação) e “Dóxa” (Super-ego). Através do primeiro, cultivamos o interior e nos tornamos artistas, poetas, fantasiosos, elocubradores, imaginativos, sonhadores, bem humorados etc. E através do segundo, que traduz “julgar”, nos arrasta para fora e nos tornamos tecnicistas, materialistas, críticos, azedos, intratáveis, arrogantes, poderosos etc. Essas duas qualidades que usufruímos atualmente nós recebemos como herança do passado.
— O que estamos fazendo hoje em termos de desenvolvimento do pensar para deixarmos de herança para a próxima geração?
Vamos fazer um passeio através da evolução do pensar, utilizando antigo conhecimento dos sacerdotes egípcios, expresso na sua mitra (tipo chapéu papal) — nela observamos 4 símbolos: dois “chifres” retorcidos lateralmente embaixo, uma pequena cabeça de “serpente” naja (ureus) na fronte, duas “penas de águia” laterais e encima o “disco solar”. O quê significam?
Desenho de Steiner em palestra de 4.8.1924, em Dornach (Suíça) - apostila SAB - Conexões Antrop, p.104.
Esse novo modo de pensar foi previsto intuitivamente pelos sacerdotes egípcios, representado como “penas de águia”, através das quais voaremos alto. Dessa maneira iremos desprender o “pensar dedutivo” das garras do pensar indutivo (empírico ou experimental). A isso se denomina “pensamento dedutivo goethiano”, o qual servirá de degrau para nos candidatarmos ao pensar espiritual (disco solar). Esse será o legado que deixaremos ao futuro.
Como se desenvolve esse “pensar dedutivo”? Ele foi idealizado por Aristóteles, pai da Ciência, e resgatado por Goethe: “unir os vários experimentos que se tocam entre si, os quais representam quase uma só experiência, que ele denomina de ‘experiência de ordem superior’” (Ensaios Científicos, p.36).
Como treinar esse pensar dedutivo? Usar a técnica da argumentação: pegar um objeto mais trivial, como lápis, clips, pano, plástico etc. como instrumento do pensar. Começa-se imaginar sua origem, sua história, quem descobriu, sua materialidade, sua forma, como se processa, tipos de objetos, necessidade para consumo, valor etc. A isso Aristóteles nomeou de “10 Categorias”: essência, qualidade, lugar, tempo, estado, hábito, quantidade, relação, ação e paixão.
À medida que colocamos estes argumentos na cabeça, começamos a nos desprender da materialidade — porque Ahriman não entende esse tipo de pensar dedutivo — porque ele só domina o pensamento indutivo (egóico) — e se afasta. Em vista disso ficamos livres para pensar o que quisermos. Ou seja, ocorre uma calma interior, a verdadeira liberdade no pensar. Dessa maneira nós “inspiramos” o pensamento espiritual.
Esse exercício deve ser praticado todo dia e quando nos sentirmos atormentados ou assediados no pensar ou no sentir, começar a praticá-lo rapidamente, usando algum exemplo qualquer citado acima.
Mas de nada adianta se não evoluirmos moralmente. Por isso o sentimento deve se elevar para acompanhar o pensar. Coração e cabeça devem andar juntos. E os dois juntos devem atuar no mundo com moralidade. Cabeça - coração - ação.
Antonio Marques
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