CIÊNCIA ou FENOMENOLOGIA
CIÊNCIA ou FENOMENOLOGIA
Muitos enchem a boca para falar em Ciência, como se fosse patrimônio ou propriedade de um viés ideológico científico. Ledo engano. Quem deseja possuí-la está léguas da sua compreensão. Vamos recorrer a Aristóteles (Organon), para analisar o que o pai da Ciência e da Lógica entende por isso, porque antes dele existia a Filosofia e muito atrás a Religião.
Aristóteles é “monista” (elementos causais comungam com o fenômeno — “legethái men polachos”) e ao ser traduzido deturpadamente em 666 d.C. na Uni de Gundishapur (Grande Monarca Pur) na Pérsia, sofreu “1º reducionismo”, focando a materialidade. Assim esse conhecimento entrou na Europa com a invasão moura em 711 d.C. e espalhou-se pelas Unis; merecendo de Immanuel Kant (norteador da modernidade) o “2º reducionismo” (Crítica da Razão Pura) e sacramentado por Francis Bacon (Novum Organum) como “3º reducionismo”. Assim estamos vivendo sob alicerce “anti-aristotélico” na história e na Ciência.
Temos que resgatar Aristóteles. Na Metafísica ele diz: “todos os homens têm o desejo de conhecer” a natureza, o objeto, o fenômeno — por isso se diz Ciência ou Fenomenologia. Mas para isso necessita-se de um caminho para conduzir o pensamento na busca da verdade — a isso se denomina de “metodologia”.
Mas, para adentrar o fenômeno (ou fazer Ciência) é preciso uma “demonstração” e são dois caminhos: Dedução Imediata (axioma) e Dedução Mediata (mediante vários argumentos), a qual visa chegar a uma “hipótese dedutiva”. Este último caminho é o que mais se usa em ciência. Deve-se partir da “observação ou evidência”, que é condição vestibular para adentrar na dedução mediata — associam-se vários dados do problema, como numa equação matemática, até chegar à “experiência de ordem superior” (Goethe - Ensaios Científicos), que denominamos de “hipótese dedutiva”. Depois deve-se realizar a “experimentação”, para também chegar à “hipótese indutiva”. Da soma das duas hipóteses, refutando o que não for aprovado (teste de falseabilidade - Popper), chega-se à “tese ou diagnóstico ou ideia do fenômeno”.
Exemplo 1: surgiu um vírus novo (a “evidência”). Mas deve-se fazer a pergunta: qual sua origem, como ele atua? Os laboratórios investigam para chegar à “hipótese dedutiva”, para compreender seu mecanismo de ação. Antes de realizar pesquisas medicamentosas de campo e clínicas, deveríamos ir para o Exemplo 2.
Exemplo 2: surgiu um fármaco novo (a “evidência”). Mas deve-se fazer a pergunta inicial: como funciona? Isso visa gerar uma “hipótese dedutiva” — para isso necessita-se conhecer “Farmacologia”; para em seguida realizar a “experimentação clínica”, para gerar também uma hipótese indutiva (estatística correlativa). E finalmente podermos dizer se é viável ou não tal fármaco ou conduta ou procedimento.
Ou seja, cabe ao médico dominar o tripé da arte médica: “Fisiologia - Clínica - Farmacologia”.
Isto é CIÊNCIA.
Dr. Antonio Marques
Comentários
Postar um comentário