COMUNIDADE DO BEM — II

 COMUNIDADE do BEM — II



“Não se pode imaginar um homem feliz na solidão, porque o homem nasceu para viver em comunidade” (Aristóteles, A Ética. Tecnoprint. Rio : [s.d.], p.127). Em outra passagem ele diz: “A pólis (sociedade ou comunidade) é anterior ao indivíduo e à família — nós nascemos juntos”. Por isso estamos atrelados uns aos outros desde o nascedouro, desde a criação — ou seja,

somos todos irmãos. E o que nos reserva o futuro? 


Fomos criados inocentes e virginais, como Adão e Eva; mas, ao sermos seduzidos pela serpente, “abrimos os olhos” para ver o mundo ao derredor — ou seja, ganhamos a “liberdade” — sempre lembrar que a liberdade foi patrocinada pelo mal (por isso se diz “pecado histórico” e não pecado original). 


Ao sermos expulsos para a realidade dura e fria da Terra, “do suor do teu rosto, comerás o teu pão” (Gênesis 3; 19) — ou seja, esse é o preço da liberdade: encarar a realidade, o mundo. Por isso Goethe sentencia magistralmente: “Confesso que a grande meta que parece tão importante expressa na máxima: ‘conheça-te a ti mesmo’, tem-me suscitado sempre suspeitas, como se fosse uma astúcia de sacerdotes secretamente confabulados que quiseram confundir o homem com exigências inalcançáveis e desviá-lo da atividade do mundo externo para uma falsa contemplação interior. O homem conhece a si mesmo na medida em que conhece o mundo”.


Como “o homem é a medida de todas coisas” (Protágoras, 450 a.C.), as mesmas forças que se encontram dentro de nós, iremos refletir na sociedade, no mundo lá fora:


1) postura “associal” — isso ocorre quando penso, medito, leio, estudo etc. Estou centrado em mim mesmo, me realizo dentro de mim - é meu lado egoísta (mas sou livre para pensar). 


2) postura “social” — isso ocorre quando comungo com os outros numa sociedade, que deve imperar a igualdade - viver na polis (jurisprudência). 


3) postura “anti-social” — quando tiro um naco do mundo para minha sobrevivência (sou um consumista). 


Vide o esquema abaixo, relacionando essas posturas humanas com as partes trimembradas do ser humano, as quais correspondem às 3 qualidades da alma. Mas existe uma instância superior - o Eu, o espírito, que ao atuar (com sua vontade ou agir) em liberdade, em direção ao mundo, imprime novas qualidades:


1. O que era impulso associal (egoísmo), o Eu transforma em “moralidade” - transformamo-nos em bons produtores (trabalhar para o outro) —> Economia (fraternidade). 


2. O que era impulso social, o Eu transforma em “justiça misericordiosa” —> Política (igualdade)


3. O que era impulso anti-social (de subsistência), o Eu transforma em responsabilidade - atuar no mundo com “amor” —> Cultura (liberdade). 


No futuro, só teremos a Comunidade do Bem se soubermos crescer espiritualmente (Eu) para transformar o mundo a nossa volta, para vivermos numa sociedade humanizada. 


Os da “sarjeta”, 

... preparem-se para merecer “as vestes brancas”. 


Antonio Marques

Conselho Cultural do Brasil (CCB)

Conselho Cultural Universal (CCU)

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