COMUNIDADE DO BEM — III
COMUNIDADE do BEM — III
“Bem aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra” (Mt 5:5). Só que essa promessa futurista não é gratuita: o caminhar é largo, sacrificante e distante, para permitir que todos tenham a chance de receber o convite para o “banquete do Senhor”. Como podemos nos preparar e ajudar nossos irmãos?
Friedrich Schiller, nas suas Cartas Estéticas, nos mostra que é preciso transformar o homem “natural” em homem “moral”. O homem natural (virginal) é aquele que não deriva das leis em sua origem, mas deriva de força. É certamente contrário ao homem moral, para o qual a moralidade deve ser a lei; mas não é suficiente para o homem físico, em que a lei deve submeter-se à força. O homem físico é real e o homem moral é problemático. Se, pois, a razão destrói o homem natural — como forçosamente há de fazê-lo para colocar em seu lugar o homem moral — arrisca o homem físico-real, por um homem moral-problemático; arrisca a existência de ideal de homem meramente possível, mas moralmente necessário (Apud Psicologia Goethiana, deste autor. SP : Barany. 2016, p.125). Velar para que nenhum dos dois impulsos viole a fronteira do outro, é problema da CULTURA (Idem, p.127).
Para chegar lá, uma época prepara a próxima, como aconteceu na 4ª época cultural (greco-romana) com “a Filosofia e o Direito”, respectivamente, os quais frutificaram na nossa atual 5ª época cultural (Sardes). O quê deve nascer na nossa época cultural, mesmo idealisticamente, para frutificar na futura 6ª época cultural (Philadelphia)? A “imagem” da Trimembração Social:
“É por essa razão que o homem compreenderá a realidade do organismo social quando for capaz de discernir a sua estrutura realista com relação aos ideais de fraternidade, de igualdade e de liberdade. Compreenderá, assim, que a cooperação entre os homens, na vida econômica, deve basear-se na fraternidade que nasce das associações. No segundo sistema, o do Direito Público, que estabelece normas reguladoras das relações de indivíduo para indivíduo, verá realizar-se a ideia da igualdade. E no âmbito do terceiro sistema, o cultural-espiritual, que se estabelece no sistema social com relativa independência, veremos realizar-se o impulso da liberdade. (...) Numa estrutura trimembrada, cada um dos setores haurirá suas forças de um dos três impulsos e atuará harmonicamente em conjunto com os dois outros” (R. Steiner, Os Aspectos Fundamentais do Problema Social. SP : Ass. Pedagógica RS, 1979, p.69).
Como mensagem final para os da “sarjeta”:
"Tudo que pertence ao passado tem que ser reduzido a nada. As nuvens ficaram concentradas em volta do homem e ele terá que encontrar a sua liberdade, encontrar o seu próprio poder, toda a sua força, a partir deste nada. A necessidade material externa mudará para uma necessidade da alma. A partir desta necessidade profunda da alma a visão nascerá.
Temos que erradicar da alma todo medo e terror do que o futuro possa trazer ao homem. Temos que adquirir serenidade em todos os sentimentos e sensações a respeito do futuro. Temos que olhar para frente com absoluta equanimidade para com tudo que possa vir. E temos que pensar somente que tudo o que vier nos será dado por uma direção mundial plena de sabedoria.
Isto é parte do que temos de aprender nesta era, a saber: viver em pura confiança, sem qualquer segurança na existência. Confiança na ajuda sempre presente do mundo espiritual. Em verdade, nada terá valor se a coragem nos faltar. Disciplinemos nossa vontade e busquemos o despertar interior todas as manhãs e todas as noites”.
(Rudolf Steiner, Bremen 27.11.1910)
Antonio Marques
Conselho Cultural do Brasil (CCB)
Conselho Cultural Universal (CCU)
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