CAIM e ABEL


Caim e Abel são irmãos, filhos da mesma mãe, Eva; mas de pais diferentes. “Ela concebeu e deu deu à luz Caim; e disse: “adquiri um homem com ajuda de Javé”. Depois ela também deu à luz Abel” (Gen 4, 1-2). Caim é filho de um Elohim (Exusiai ou Espíritos da Forma, ser da 2ª hierarquia) e cultivava o solo; enquanto Abel, filho de Adão, tornou-se pastor de ovelhas — e sacrificou seu melhor animal para o Deus de Israel. Enquanto que a oferta de Caim não foi aceita. O quê traduz isso?


As primeiras manifestações religiosas eram realizadas através de sacrifícios sangrentos; e Abel carregava essa primitiva corrente sacerdotal decadente, que caminhava para ser incorporada pelo mal, conhecido como 8ª esfera (GA 93). Caim era um semideus (como diriam os gregos) e não suportava ver um ser inferior estar acima do ser divino superior e realiza um desatino, matando seu irmão: “Minha culpa é grave e me atormenta” (Gen 4, 13). 


Mas na Ceia do Senhor, a oferta de Caim é aceita: “pão e vinho”, como frutos do campo. E se reconciliam, sob a cruz, a união das duas correntes de Caim e de Abel, representados pelos “dois Joãos” presentes no retábulo de Mathias Grünewald. 


João evangelista (Lázaro) está com Maria, mãe de Jesus — representa a corrente de Caim, sendo sua encarnação anterior como Hiram, arquiteto do templo de Jerusalém (GA 264/265) na época do rei Salomão (e depois na Idade Média foi Christian Rosenkreuz - GA 130/265). E o outro João, o Batista, que tinha sido decapitado, estava presente em espírito — representa a corrente de Abel, pois numa de suas encarnações foi sacerdote Finéias (filho de Aarão, primeiro sacerdote de Israel), em seguida Elias (confirmado pela Bíblia) antes de ser João Batista (GA 126/139) e depois Rafael Sanzio e Novalis. 


João (Lázaro) se conecta com o espírito de João (Batista) nesse ato sacrificial Divino (GA 238); e assim Caim e Abel se reconciliam sob a benção do Cristo. Essas duas correntes vivem dentro de nós como “pensamento e percepção”, respectivamente.  


Caim começa com o “pensamento” e termina na percepção. Assim agimos por liberdade e amor e imprimimos nossa intuição na realidade — assim “A Filosofia da Liberdade” foi escrita para nossa natureza Caim. Abel começa com a “percepção” e termina com o pensamento. Dessa forma a percepção é espiritualizada — assim “Como se Adquire Conhecimento dos Mundos Superiores” foi escrito para nossa natureza Abel. 


Nesse sentido temos que “amar o Pai e perdoar a Mãe”. O Pai simboliza o Céu, a luz, o espírito etc. e a Mãe a Terra (mater), a sombra, a alma etc. Ou seja, temos que ser Caim e carregar Abel. Dessa maneira nos candidatamos para ingressar na “comunidade do Bem” para elevarmos nossa alma à esfera de Manas (Personalidade Espiritual) para habitar a Nova Jerusalém ou Júpiter. E isso começa agora!


Dr Antonio Marques 

Referências: Rundbrief zur Antrop (Dr F. Husemann)

Albert Steffen - Hiram e Salomão (tragédia em 9 cenas) Edições Religião & Cultura (SP)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Por que precisamos de um médico Antroposófico?

TRATAMENTO para AUTISMO

Por detrás do Espírito LUSITANO