CIÊNCIA DEDUTIVA GOETHIANA

 CIÊNCIA DEDUTIVA GOETHIANA 



A Obra Científica de Goethe - Rudolf Steiner (São Paulo: Ass. Ped. RS, 1980) é um livro respeitável de 267 páginas (vide abaixo) e como sabemos, Steiner abre um leque fantástico de argumentações, que o leitor muitas vezes não chega a conclusão nenhuma. Por isso não podemos ficar só com Steiner, temos que conhecer o autor desse método científico = o próprio Goethe. Mas eu pincei esta preciosidade: “Ele sempre parte de fatos concretos, comparando-os e ordenando-os. (…) O método usado continua baseado na experiência pura, mesmo quando Goethe se eleva à ideia. Pois em nenhuma ocasião permite que algo subjetivo se intrometa em sua pesquisa” (p.98). 


A ele diz que devemos ser como os matemáticos que juntam os dados numa sequência que ele denomina “experiência de ordem superior” (Ensaios Científicos de Goethe).


O grande mérito dele está em resgatar a ciência aristotélica para nossos dias, como fala Steiner. Eu tentei uma vez ler sobre Teste de Falseabilidade de Aristóteles e não consegui (de Popper também é difícil). Mas nos Ensaios Científicos de Goethe temos isso de uma forma compreensiva e seu grande mérito: devemos ser como os matemáticos que reúnem os fatos ordenadamente que ele diz ser uma “experiência de ordem superior”. Fazendo um link com Steiner, esse patamar nos leva à “inspiração” = inspirar o mundo espiritual. E além disso, Ahriman não conhece o pensar dedutivo e se afasta. Ou seja, através do goethianismo nos abre uma “porta ascendente” na evolução espiritual.


AHRIMAN 

“Agora é hora de eu deixar seu círculo 

Me retiro o mais longe possível; pois

Com seu refletir eu posso pensar a minha verdade. 

Parte desse poder lentamente me destrói”. 


(Ahriman sai do palco)


Steiner, Misteriendramen II. Der Seelen Erwachen. Schweiz:RS. 1983, p.265.


Conhecemos Goethe como literato, poeta, dramaturgo, romancista etc; e não como cientista. No entanto ele resgatou a Ciência Dedutiva, formulada por Aristóteles, para ser aceita como metodologia científica de validade universal. Vide seus “Ensaios Científicos” - Ed. Barany/Ad Verbum (SP), 2012 — que servirão de ponto de guinada ascensional para construirmos no futuro a ciência humanizada. Goethe teria uma contribuição para nossa simples vida diária? 


Fala-se que no futuro “ciência, religião e arte” irão se fundir. Afinal, onde entra aí a participação humana? Como podemos usufruir do goethianismo? Vamos conhecer seus três passos metodológicos que servem para quaisquer pesquisas científicas como para nossas atitudes diárias de vida: “observar - intelectualizar - idear”; que irão desembocar em novos sentidos superiores, como fala Steiner, como veremos adiante:


1. Ao OBSERVAR um objeto, deixar o fenômeno falar para você, para fazer a imagem dele na sua cabeça. Dessa maneira seu “etérico” retro-retiniano (olho) será sensibilizado e abrirá a porta da “imaginação”. Por isso o treino diário de se abrir às imagens que chegam e exercitar a retrospectiva antes de dormir. 


2. Ao INTELECTUALIZAR qualquer coisa, fazer como os matemáticos: “dispor as coisas próximas entre si segundo uma série, ou melhor, deduzir o que vem imediatamente depois do que está imediatamente antes” (p.35), pois isso nos permite “reunir os vários experimentos que se tocam entre si, os quais representam quase uma só experiência” (p. 36), que ele denominou de “experiência de ordem superior” (idem, ibidem). Esta frase sela a sua magistral contribuição para o desenvolvimento da ciência (e de nós próprios) — e se somarmos com as “10 Categorias” aristotélicas, servirão para “tocarmos as teclas do Universo” (Steiner), cujo objetivo é entender os arquétipos ou bastidores do Cosmo, que são as Hierarquias. Dessa maneiros chegamos na “inspiração” (aspirar o mundo espiritual). Até aqui é nossa tarefa realizar. Se soubermos pensar direito de modo dedutivo goethiano, a porta do mundo espiritual se abrirá. 


3. IDEAR significa chegar à ideia do fenômeno (na ciência se denomina Tese ou Diagnóstico). Mas Goethe nomeia de “intuition oder contemplation” — só que nesta esfera não depende mais de nós humanos. Aqui seremos abençoados, pois é doação das hierarquias se soubermos fazer os dois passos anteriores. 


Por isso o método científico goethiano não é somente para usarmos no mundo lá fora. Precisamos introjeta-lo para usarmos nas nossas “atitudes” diárias.  Dessa maneira estão todos convidados a adentrar no caminho traçado por Steiner:


1. Se soubermos “observar” direito, focando nos detalhes e tudo à volta — estaremos treinando para chegar à “imaginação”. 


2. Se soubermos “intelectualizar” direito, com muita argumentação, chegaremos à “experiência de ordem superior” e à “inspiração”. 


3. Se soubermos fazer as duas etapas anteriores, o mundo espiritual se abrirá e seremos abençoados com a “intuição”, que significa comungar com as hierarquias superiores. Aqui não depende mais de nós humanos. 


Observar —> imaginação 

Intelectualizar —> inspiração 

Idear —> intuição 


Dr Antonio Marques

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