PENSO, portanto NÃO sou !

 PENSO, portanto NÃO sou ! 



Foi Steiner quem disse essa sentença, em 12.10.1918, para refutar o “cogito ergo sun” — justamente para mostrar que ao encarnar deixamos nossas qualidades anímicas supra-sensíveis para trás para termos experiências terrestres. 


Se ficássemos no mundo espiritual permaneceríamos virginais como Adão e Eva. Mas o mal (serpente) deu uma mãozinha e nos fez abrir os olhos para conhecermos o mundo à nossa volta. Ganhamos a “liberdade”; mas tem um preço: temos que amassar o pão com o suor do rosto. 


— “Quando começou a alma? Com o nascimento. Quando ela termina? Com a morte. Quando a alma parou de desenvolver sua vida como alma? Quando nascemos, ou melhor, quando fomos concebidos. Quando ela começará novamente a desenvolver sua vida como ser supra-sensível? Quando morrermos. Aqui na Terra interrompemos isso para que não atue na nossa vida somente o que é supra-sensível, e para que possamos acolher as conquistas do sensorial e levá-las conosco por toda nossa vida. A vida terrena é algo absolutamente necessário para toda a vida do ser humano. Nossa verdadeira vida humana, como seres humanos supra-sensíveis cessa quando entramos na vida terrena, e começa novamente quando continuamos vivendo através da morte” (GA 184). 


Por isso Aristóteles e Tomás de Aquino diziam que o espírito não possui nenhum conhecimento apriorístico (anterior). Por ocasião do nascimento o ser humano é como uma “tabula rasa” (uma folha em branco na qual, através da experiência, irá escrever a sua história) — denomina-se “empírico” (empeiría = experiência) o ato de mergulhar na materialidade, no sentido de entendê-la, através da "experiência". Por esse ponto de vista, todos os nossos conhecimentos derivam do nosso contato com o mundo, através dos órgãos dos sentidos.


Então, o quê temos que fazer? Nos entregar primeiramente às vivências da alma no mundo; e isso fazemos desde a tentação no Paraíso — e somos agradecidos pelas conquistas civilizatórias. Já conhecemos o id, o sentimento e chegamos ao ego — nesta era da “alma da consciência”. Hoje vivenciamos o desenho à esquerda (palestra de Steiner de 4.8.1924) em vermelho, representando o pensar materialista da alma (Ego), que desceu e apoderou-se do pensar espiritual (em amarelo). 


Mas, este “pensar material que conquistei não sou eu”. Tenho agora que me esforçar para libertar meu “pensar espiritual” (Eu), em amarelo, das garras do materialismo. Como fazer? Através do pensar dedutivo goethiano. 


Antonio Marques

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