BRACHER e JUIZ DE FORA
BRACHER e JUIZ DE FORA
Agradeço ao Carlos Bracher o convite para falar sobre minha relação com a família Bracher, que vem desde quando cheguei dos meus estágios em hospitais alemães e suíços, em 1981. Fui clínico antroposófico da família durante bom tempo e desfrutava do castelinho com sua riqueza cromática e riquíssimos bate papos informais com Prof Bracher, Sra Hermengarda, Nívea e Décio, na cozinha e no jardinzinho de trás.
E da sua balaustrada descortinava-se Juiz de Fora aos nossos pés. E é da nossa cidade que gostaria de falar, pois aqui tem algo de mágico, de artístico, pois seu retalhamento triangular guarda segredos insondáveis — os quais ouso deslindar. Pode-se dizer que seu pioneirismo antecipa a “pós-pós-modernidade”, como disse meu amigo Mister Christopher Budd, economista britânico, quando esteve aqui em casa para bater papo sobre o futuro da sociedade.
Juiz de Fora atingiu em 100 anos um desenvolvimento vertiginoso e meteórico, com industrialização próspera, vida cultural rica e política digna. Todos conhecemos sua história. O que ninguém sabe é que um sopro do “impulso do tempo” passou por aqui e deixou impresso seu design no traçado arquitetônico da cidade.
Esse mesmo sopro mobilizou países contra o absolutismo no século XVIII, através dos três ideais iluministas: “liberté — egalité — fraternité”. Aqui denominamos de conjurações mineira, pernambucana etc. E insuflou as velas cabralinas com suas cruzes templários a aportarem neste “Hy Breazil”, nome dado pelos celtas irlandeses ao nosso Brasil, que significa “ilha afortunada” (ou terra abençoada).
O mais impressionante é que essas três áreas do organismo social compõem o retalhamento do “triângulo” central da cidade, cujos vértices representam cada uma das três áreas sociais (vide desenho). Pode-se nomear de “trimembração geodésica”, concretizando cronológica e esteticamente os setores: “cultural/liberal — jurídico/político — econômico”.
Para completar, como um grande embrião (afinal toda iniciativa da Trimembração Social é precoce para a época), por último, nasce seu “coração geodésico” no centro desse triângulo — o Theatro Central (1929) — assim como nasce o coração embrional humano depois da circulação sanguínea.
Se Nívea e Prof Bracher estivessem aqui, estaríamos discutindo sobre isso, sobre novos impulsos sociais, sobre o que queremos para nosso país, que só os artistas conseguem visualizar. Mas acho que eles lá em cima concordam comigo.
Antonio Marques
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